quinta-feira, 28 de junho de 2012

Palavras sem maquiagem*



Queria ter nesse momento o dom dos escritores, poetas, artistas...
Queria poder expressar com todas as minhas forças o sentimento que aprisiono em mim,
Queria, através da palavra, libertar meus demônios
Dividir minhas angústias, despir-me de todas as máscaras,
Queria encontrar nas palavras “o eu mesmo”.
Queria poder expor minhas mais profundas vergonhas,
Meus mais obscuros medos.
Queria me agarrar nas palavras como os crentes se agarram na fé.
Queria me libertar de mim mesmo.
Queria alcançar o vazio.
Queria ser mais forte, que as palavras me façam forte!
Queria ser mais disciplinado, atento, focado, reto, atencioso, generoso.
Queria que as palavras me tocassem, como o toque gentil do invisível.
Há algo dentro de mim, que só pode ser mudado através da palavra.
Palavra forte, palavra viva. Palavra que encanta, palavra que liberta.
A palavra tem o poder de libertar e de condenar. O silêncio já não é mais uma opção!
 Meus demônios grunhem incansavelmente. São rasteiros, sujos e sedutores.
Seus gritos se travestem de música. E música lúdica, música hipnótica.
Quando dou por mim, o som acabou, o grunhido sumiu, o coração parou.
As palavras sumiram? Eu sumi com as palavras?
Queria, ainda quero, compreender. 

Mea culpa. Mea maxima culpa.


(Palavras sem maquiagem no sentido de que o texto foi escrito no calor da emoção. Do rascunho à versão final sem nenhuma etapa.)