AnA:
como vencer o medo
das palavras?
cada escrita é um
parto.
Eu:
bem sei que é. e que dói.
talvez encará-las ajude.
AnA:
será que um dia pára de doer?
Eu:
se parasse, não faria outra coisa.
AnA:
pois é!
as vezes adivinho que não será assim pra sempre.
Eu:
que sua adivinhação seja o Amém dos anjos.
AnA:
é que desconfio,
como quem já tivesse atravessado, que é só o começo espinhoso, os primeiros
tombos até aprender a se equilibrar na bicicleta
depois é só não parar de pedalar
algumas vezes vem
como certeza, principalmente nas noites em que o sono não vem e as verdades
transfiguram luminosas
mas então, nas manhãs, é como se eu esquecesse todo o
sentido durante a noite
e preciso reaprender de novo
preciso sair do ciclo
Eu:
talvez seja essa a nossa samsara, o
fluxo incessante de renascimento através das palavras.
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