terça-feira, 25 de outubro de 2011

MÚSICA DE CRENTE? É os tempos mudam!

segunda-feira, 25 de julho de 2011

A Geografia dos Místicos e dos Doutores

Os místicos rezam. Os doutores pensam. 
Os místicos falam a Deus. Os doutores falam sobre Deus.
Os místicos contam estórias e os doutores ensinam doutrinas.
Os místicos vão para o mar alto. Os doutores ficam no porto seguro.
Os místicos desafiam as ondas perigosas. Os doutores querem livrar-se delas.
Os místicos pedem coragem para enfrentá-las. 
Os doutores pedem a continuidade do mar tranquilo.

(Boff, L.)

quarta-feira, 13 de julho de 2011

NÃO ENTRE EM PÂNICO!

... há um planetinha verde-azulado absolutamente insignificante, cujas formas de vida, descendentes de pri-matas, são tão extraordinariamente primitivas que ainda acham que relógios digitais são uma grande ideia. 
Este planeta tem - ou melhor, tinha - o seguinte problema: a maioria de seus habitantes estava quase sempre infeliz. Foram sugeridas muitas soluções para esse problema, mas a maior parte delas dizia respeito basicamente à movimentação de pequenos pedaços de papel colorido com números impressos, o que é curioso, já que no geral não eram os tais pedaços de papel colorido que se sentiam infelizes.
E assim o problema continuava sem solução. muitas pessoas eram más, e a maioria delas era muito infeliz, mesmo as que tinham relógios digitais.
Um número cada vez maior de pessoas acreditava que havia sido um erro terrível da espécie descer das árvores. Algumas diziam que até mesmo subir na árvores tinha sido uma péssima ideia, e que ninguém jamais deveria ter saído do mar.
E, então, uma quinta-feira, quase dois mil anos depois que um homem foi pregado num pedaço de madeira por ter dito que seria ótimo se as pessoas fossem legais umas com as outras para variar, uma garota, sozinha numa pequena lanchonete em Rickmansworth, de repente compreendeu o que tinha dado errado todo esse tempo e finalmente descobriu como o mundo poderia se tornar um lugar bom e feliz. Desta vez estava tudo certo, ia funcionar, e ninguém teria que ser pregado em coisa nenhuma.
Infelizmente, porém, antes que ela pudesse telefonar para alguém e contar sua descoberta, aconteceu uma catástrofe terrível e idiota, e a ideia perdeu-se para todo o sempre.

(O guia do mochileiro das galáxias, Douglas Adams)


segunda-feira, 13 de junho de 2011

SONHO 15


Todos da casa estavam na sala, diante do televisor. Ao lado do aparelho, sentado em uma cadeira, de frente para as pessoas, estava eu. Ao que parece, podiam ver-me, se quisessem. Os olhares, no entanto, centravam-se no filme. Dali os via de uma maneira singular. Uma coreografia de olhares, expressões que se alternavam entre o riso leve e um ar de ligeira apreensão, entre a passividade e a euforia.

O tempo passava; não o transcorrer de um filme, mas de uma vida. E todos permaneciam ali. A VIDA ERA UM ESPETÁCULO DO QUAL EU SÓ PARTICIPAVA COMO ESPECTADOR; UM ESPECTADOR DE ESPECTADORES.

Levanto-me - já muito tempo passara -, sento-me no sofá, ao lado dos presentes, que não esboçam reação. TV ligado, todos olhando, eu olhando, mas não vejo o filme. Ouço a trilha musical, não as vozes.

A vida era um espetáculo carente de vozes. A despeito do espaço reduzido, a sala estava repleta; todos os familiares e alguns amigos. Eu não via o filme, via as pessoas, mas não sentia suas presenças.

A vida era um espetáculo imaterial. Um desconhecido entra na sala, olha para mim, ninguém desvia o olhar. Com um gesto, pede licença para sentar. Com a cabeça, concordo. Empurra-me um papel dobrado - nada há escrito -, oferece-me um como d'água, levanta-se e vai embora.
Sonhador: Professor universitário, 38 anos, solteiro.


In: GUIMARÃES, R. B. (org) Memória e imaginário urbano: geografia de Morpheus. Presidente Prudente: Azimute, 2006.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

“Não importa o que fizeram de ti. Importa o que você faz do que fizeram de ti.” (Sartre)


Alguns pensadores afirmam: as estruturas nos prendem. Somos escravos do sistema. No entanto, Sartre nos dá uma luz para um pensar diferente. Por mais que estejamos presos – até certo ponto – às grades do sistema, ainda assim, a última palavra é a nossa. Por mais que as estruturas nos moldem de acordo com suas necessidades, ainda assim, a responsabilidade de “ser ou não ser” está em nossas mãos. Reflito o pensar de Sartre – “não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você" – talvez, pudéssemos tencionar o raciocínio: não importa em que classe social você nasceu, ou o que você aprendeu ou deixou de aprender na escola, não interessa se você está inserido no meio de marxistas ou anarquistas. Você é você? Ou você é o que fizeram você ser? “Não importa o que fizeram de ti. Importa o que você faz, do que fizeram de ti.” O ser humano é um ser pensante, simbólico, por isso livre. A razão é o que comanda nossa vida, é o deus, é a força que nos move. A ordem da vida não se apreende através dos sentidos, somente através de nosso juízo. Assim, “o juízo é o poder central do homem, (...) pois é a única coisa em que o homem depende inteiramente de si mesmo; o juízo é livre, autônomo e auto-suficiente” (E. Cassirer).


sexta-feira, 18 de março de 2011

Crente

       
Não consigo, não crer. Faço uma força, busco fatos, vejo o invisível. Creio no que vejo, mesmo não vendo nada. Que força é essa que me consome interiormente, aperta minhas tripas, faz meus olhos arderem. Olho o nada, vejo o invisível, até nisso a força reside. Como negar o que “não vejo”. Se não vejo, não creio. Mas mesmo não vendo, pois sendo invisível continua nascendo. Não vejo, mas simplesmente sei, está ali: em mim. Eu sinto.
Por isso não vejo, como posso ver o que não está à frente de meus olhos, mas atrás deles. Vejo melhor quando estou de olhos fechados. Deixa consumir, deixa estar, sente e vê, deixa Ser. Mas não veja como deseja ver, veja como Ele se mostra. O invisível é real, é mistério, é força que se alimenta da matéria-prima mais preciosa do universo, a FÉ.
Tenha FÉ e alcançará a visão do que guarda em seu interior. Coisas que nem imagina possuir se revelarão. Amigo, não tenha medo, conhece a ti mesmo.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Você é o que você pensa!

Compartilhei com vocês pequenas ideias sobre universo, seus mistérios e mitos, tentei mostrar a dificuldade que temos em compreender aquilo que é maior do que nós. Quando há essa compreensão, passamos para o desafio de explicar através da linguagem a complexidade do que foi entendido. O mysterium fascinosum persiste.
Refletindo sobre isso, brinquei com meus pensamentos: talvez haja dentro de nós mesmos um universo a ser desvendado. Algo tão fascinante quanto o espaço das estrelas e galáxias, do espaço que está fora de nós, quiçá até mais sublime, pois estando dentro de nós, não existem leis físicas para ordená-lo. 
As ferramentas necessárias para expedições a esse possível universo interior estão ao nosso alcance. Curiosidade e paciência, talvez esses sejam os primeiros passos. Cada pessoa é um universo. Cada um de nós é possuído por uma força geradora de beleza e criatividade. Somos tão complexos e obscuros a nós mesmos, que não é a toa que o auge da sabedoria humana reside em assumir nossa ignorância sobre o que somos.
O ser humano, bicho nascido dos símbolos, animal cultural inventado pela força da Imaginação. Artes, ciência, religião, mitos... toda essa riqueza de invenções dentro de nós, nascendo em nosso universo interior. Tão grandioso é o processo criativo que esse universo tende a explodir, extrapolar as fronteiras de nossas ideias, através do big-bang da ação humana passamos a dar forma ao espaço exterior. Sonhamos novos universos, criamos deuses, contamos mitos. Nossa vida, nossas relações, o que somos ou sonhamos ser... é a construção aqui fora do que cultivamos lá dentro, em nosso universo interior.