terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Universo, religião, ciência e Alice


"Quando refletimos sobre a origem do Universo, imediatamente percebemos que devemos nos defrontar com problemas bem fundamentais. Como podemos compreender qual é a origem de “tudo”? Se assumirmos que “algo” criou “tudo”, caímos em uma regressão infinita; quem criou o algo que criou o tudo? Como podemos entender o que existia antes de “tudo” existir? Se dissermos que “nada” existia antes de “tudo”, estamos assumindo a existência de “nada”, o que implicitamente assume a existência de um “tudo” que lhe é contrário. Nada já é muito, como na história de Alice no País das Maravilhas, em que o Rei Vermelho pergunta a Alice: “O que você está vendo?”, e Alice responde: “Nada”. O rei, impressionadíssimo, comenta: "Mas que ótimos olhos você tem!”. Quando tentamos entender o Universo como um todo, somos limitados pela nossa perspectiva “interna”, como um peixe inteligente que tenta descrever o oceano como um todo. Isso é verdade tanto em religião como em ciência."

(A dança do universo, Marcelo Gleiser)

O Universo veio do nada

Os Índios Maori da Nova Zelândia, contam assim:




Do nada a procriação,
Do nada o crescimento,
Do nada a abundância,
O poder de aumentar o sopro vital;
Ele organizou o espaço vazio,
E produziu a atmosfera acima,
A atmosfera que flutua sobre a Terra;
O grande firma mento organizou a madrugada,
E a Lua apareceu;
A atmosfera acima organizou o calor,
E o Sol apareceu:
Eles foram jogados para cima,
Para serem os olhos principais do Céu:
E então o firmamento transformou-se em luz,
A madrugada, o nascer do dia, o meio-dia.
O brilho do dia vindo dos céus.

Mito Hindu - II

Encontra-se no Chandogya Upanisad, m, 19:
No início esse [Universo] não existia. De repente, ele passou a existir, transformando-se em um ovo. Depois de um ano incubando, o ovo chocou. Uma metade da casca era de prata, a outra, de ouro. A metade de prata transformou-se na Terra; a de ouro, no Firmamento. A membrana da clara transformou-se nas montanhas; a membrana mais fina, em torno da gema, em nuvens e neblina. As veias viraram rios; o fluido que pulsava nas veias, oceano. E então nasceu Aditya, o Sol. Gritos de saudação foram ouvidos, partindo de tudo que vivia e de todos os objetos do desejo. E desde então, a cada nascer do Sol, juntamente com o ressurgimento de tudo que vive e de todos os objetos do desejo, gritos de saudação são novamente ouvidos.


(Ovo Cósmico - Vladimir Kush)

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

A criação do mundo não terminou até que P’an Ku morreu. Somente sua morte pôde aperfeiçoar o Universo: de seu crânio surgiu a abóbada do firmamento, e de sua pele a terra que cobre os campos; de seus ossos vieram as pedras, de seu sangue, os rios e os oceanos; de seu cabelo veio toda a vegetação. Sua respiração se transformou em vento, sua voz, em trovão; seu olho direito se transformou na Lua, seu olho esquerdo, no Sol. De sua saliva e suor veio a chuva. E dos vermes que cobriam seu corpo surgiu a humanidade.
(Uma das várias versões do mito chinês de Pan Ku)

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Mito Hindu

Há muito tempo, havia três grandes deuses, filhos do Grande Deus Desconhecido, assim chamado porque - segundo narram os sábios - nenhum homem podia Dele se aproximar, a menos que tivesse o coração puro e limpo e merecesse, por suas virtudes, a graça de Sua visão. Estas três divindades eram, como seu próprio Pai, imaculadas. Brahma, o primogênito, teve por tarefa a criação de todo o universo; o segundo, Vishnu, dedicou-se á conservação e cuidado da obra de seu irmão; enquanto que o mais difícil de todos os trabalhos, coube a Shiva. Enquanto Brahma cria o cosmos, Vishnu o protege, e Shiva ensina ao coração de todas as coisas, o meio pelo qual atingir a divina meta.

"Na noite do Brama (a essência de todas as coisas, a realidade absoluta, infinita e incompreensível), a Natureza é inerte e não pode dançar até que Shiva assim o deseje. O deus se alça de seu estupor e, através de sua dança, envia ondas pulsando com o som do despertar, e a matéria também dança, aparecendo gloriosamente à sua volta. Dançando, Ele sustenta seus infinitos fenômenos, e, quando o tempo se esgota, ainda dançando, Ele destrói todas as formas e nomes por meio do fogo e se põe de novo a descansar’’

Índios Hopi, dos Estados Unidos - como surgiu o universo?

Nesse mito existem duas personagens principais, Taiowa (o Criador, representando o Ser) e Tokpela (o espaço infinito, representando o Não-Ser).

O primeiro mundo foi Tokpela. Mas antes, se diz, existia apenas o Criador, Taiowa. Todo o resto era espaço infinito. Não existia um começo ou um fim, o tempo não existia, tampouco formas materiais ou vida. Simplesmente um vazio incomensurável, com seu princípio e fim, tempo, formas e vida existindo na mente de Taiowa, o Criador. Então Ele, o infinito, concebeu o finito: primeiro Ele criou Sotuknang, dizendo-lhe: “Eu o criei, o primeiro poder e instrumento em forma humana. Eu sou seu tio. Vá adiante e perfile os vários universos em ordem, para que eles possam trabalhar juntos, de acordo com meu plano”. Sotuknang seguiu as instruções de Taiowa; do espaço infinito ele conjurou o que se manifestaria como substância sólida, e começou a moldar as formas concretas do mundo.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Uma realidade - várias interpretações


A palavra Cosmogonia vem do grego κοσμογονία; κόσμος "universo" e -γονία "nascimento". É o termo que abrange todas as teorias das origens do universo, sendo elas religiosas, científicas ou mitológicas. São nos mitos onde encontramos os tesouros das cosmogonias, há uma grande variedade de explicações para a origem do universo, cada uma delas ligada a uma crença e uma visão de mundo específica. A explicação mítica do mundo cria uma forma única de olhar para a realidade.
Dependendo do mito que partimos, podemos nos ver como homens que repetem as ações dos deuses, ou então, podemos nos entender como filhos do próprio deus, seres feitos a imagem e semelhança do criador. Em outras cosmogonias, a Terra não passa de uma cabeça que está apodrecendo, nós homens e mulheres, somos os vermes que nos alimentamos dessa putrificação. Nas próximas postagens, compartilharei com vocês algumas cosmogonias, outros modos de objetivarmos a realidade. 

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Em relação a ultima postagem. Se não podemos obter uma resposta satisfatória racionalmente sobre a origem do tudo. Então, talvez seja o caso de apelarmos para os paradoxos e beleza infinita dos versos de quem pensa com o coração.



No mistério do sem-fim
equilibra-se um planeta.

E, no planeta, um jardim,
e, no jardim, um canteiro;
no canteiro uma violeta,
e, sobre ela, o dia inteiro,

entre o planeta e o sem-fim,
a asa de uma borboleta
(Cecília Meireles)

“Vejam. Tudo começa no mistério do ‘Sem-Fim’. 
  E termina na ‘asa de uma borboleta’, no jardim”. 
                                                  (Rubem Alves).

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Palavras meio ditas

- O que aconteceu no início?
- No início era o nada.
- Mas onde o nada estava?
- O nada, SENDO o nada, não precisa ESTAR em lugar algum.
- Mas se ele não ESTÁ em lugar algum como pode ele SER alguma coisa, mesmo o nada?
- Nesse caso, ele (o nada) apenas é.
- Então o nada É, e se ele É algo isso significa que entre as coisas que o SER pode SER, também SE é o nada?
- Sim.
- Se é assim, então “É (o Ser) é nada e o nada também É (existe).
- Nesse caso sua pergunta não existiu.
- Então, o que aconteceu antes do nada?

- Inacessível a consciência.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Universo simbólico

“Grandes mentes discutem idéias; mentes medianas discutem eventos; mentes pequenas discutem pessoas.” 
Eleanor Roosevelt


Muitas vezes citei essa frase, um professor me disse que era de Albert Einstein, como essa informação veio de uma autoridade nunca a questionei, até hoje. Lendo uns blogs por aí... descobri que o crédito da frase é da esposa do Mr. Roosevelt, mulher genial, com certeza a frente de seu tempo. Sugiro o filme, Tuskegee Airmen para aqueles que quiserem saber mais sobre a genialidade de Eleanor Roosevelt.

Em relação ao conteúdo da frase, acredito que também a interpretava erroneamente, pois concordava com ela. Filosoficamente dizendo, partindo de uma postura idealista, tanto os eventos como as pessoas, ou coisas, ou seja lá o que for, são ideias. O homem vive num mundo de ideias, constrói um universo simbólico para morar. Tudo o que apreendemos do mundo, o fazemos em forma de ideia, através da linguagem. A árvore que vejo, não é uma árvore apenas, é a ideia de árvore que construo em minha consciência, partindo da sensação de ver uma árvore. Dessa forma, ao invés de lidar com as próprias coisas o homem está, conversando constantemente consigo mesmo, através dos pensamentos em sua cabeça.

Pra finalizar, um pensamento vindo da cabeça de Epíteto: "O que pertuba e assusta o homem, não são as coisas, mas suas opiniões e fantasias sobre as coisas." 

Por isso eu digo, todas as mentes tratam de ideias, discutem ideias, sejam ideias de coisas, ideias de pessoas, ou ideias de outras ideias, alguns, acreditem, pensam pensamentos. Logo concluo: se todas as mentes discutem ideias, então, todos temos grandes mentes!

quarta-feira, 13 de outubro de 2010


De agora em diante, só pensarei. 
Não vou escrever uma linha,
Pois quando escrevo
Os outros entram no meu pensamento
e tem a pretensão de discutir
Minhas ideias.
O EGOÍSTA

Pensar é algo solitário, individual.
Escrever já o deixa de ser, 
Uma vez que as linhas 
Vão recebendo os pensamentos
em formas de palavras,
E as palavras, todas elas, ao nascerem
só tem um objetivo,
atingirem outros olhos.
O ALTRUÍSTA

quinta-feira, 16 de setembro de 2010


"Piernas.
Cerebro.
Contacto humano.
Cultura.
El prójimo a quien amar.
Ideales, moral, honestidad.
Dios.
És importante que desde pequeño aprenda bien como és todo."


(Quino)

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

- O que aprendemos com uma pedra?
- O silêncio.
- O que aprendemos com o silêncio?
- A meditação.
- O que aprendemos com a meditação?
- Reflexão.
- O que aprendemos com a reflexão?
- Conhecimento.
- O que o conhecimento revela?
- A liberdade.
- Como alcançamos a liberdade?
- Através de Deus.
- Quem é Deus?
- Não se pergunta algo cuja resposta é impossível de ser dita.
- Qual a pergunta certa?
- Como sentir Deus?
- Como?
- Há muitos caminhos. Experimente começar pelo silêncio.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Entre rãs e suas vãs filosofias...

Num lugar não muito longe daqui havia um poço fundo e escuro onde, desde tempos imemoriais, uma sociedade de rãs se estabelecera. Tão fundo era o poço que nenhuma delas jamais havia visitado o mundo de fora. Estavam convencidas que o universo era do tamanho do seu buraco. Havia sobejas evidências científicas para corroborar esta teoria e somente um louco, privado dos sentidos e da razão, afirmaria o contrário. Aconteceu, entretanto, que um pintassilgo que voava por ali viu o poço, ficou curioso, e resolveu investigar suas profundezas. Qual não foi sua surpresa ao descobrir as rãs! Mais perplexas ficaram estas, pois aquelas estranha criatura de penas colocava em questão todas as verdades já secularmente sedimentadas e comprovadas em sua sociedade. O pintassilgo morreu de dó. Como é que as rãs podiam viver presas em tal poço, sem ao menos a esperança de poder sair? Claro que a ideia de sair era absurda para os batráquios, pois se o seu buraco era o universo, não poderia haver um “lá fora”. E o pintassilgo se pôs a cantar furiosamente. Trinou a brisa suave, os campos verdes, as árvores copadas, os riachos cristalinos, borboletas, flores, nuvens, estrelas... o que pôs em polvorosa a sociedade das rãs, que se dividiram. Algumas acreditaram e começaram a imaginar como seria lá fora. Ficaram mais alegres e até mesmo mais bonitas. Coaxaram canções novas. As outras fecharam a cara. Afirmações não confirmadas pela experiência não deveriam ser merecedoras de crédito, elas alegavam. O pintassilgo tinha de estar dizendo coisas sem sentido e mentiras. E se puseram a fazer a crítica filosófica, sociológica e psicológica do seu discurso. A serviço de quem estaria ele? Das classes dominantes? Das classes dominadas? Seu canto seria uma espécie de narcótico? O passarinho seria um louco? Um enganador? Quem sabe ele não passaria de uma alucinação coletiva? Dúvidas não havia de que o tal canto havia criado muitos problemas. Tanto as rãs-dominantes quanto as rãs-dominadas (que secretamente preparavam uma revolução) não gostaram das ideias que o canto do pintassilgo estava colocando na cabeça do povão. Por ocasião da próxima visita o pintassilgo foi preso, acusado de enganador do povo, morto, empalhado e as demais rãs proibidas, para sempre, de coaxar as canções que ele lhes ensinara... 
(RUBEM ALVES. O que é religião. 1981, p.73-73)

Onde está a alma?

Clássica a passagem em que o cientista abre um corpo e pergunta, cadê a alma? Ora, pois, a alma não está ali. Onde está a alma? É mera criação humana, conceito, abstração. 

A alma, para dar uma definição, é a sede espiritual do homem, não é algo físico. As ciências naturais assumiram como dogma, critério, pressuposto o materialismo, é nesse pilar filosófico que a ciência se assenta hoje. A realidade se explica por aquilo que é sensível, concreto, a ciência se faz pela observação do mundo material. A matéria e a realidade se identificam. E não há nada além disso. As paixões, os sentimentos, as crenças se explicam, nesse viés, por forças do inconsciente, por causas sociais, lutas de classe, por interesses sociais, econômicos e políticos. Não há moralidade; apenas leis e interesses, não há Deus; apenas a ciência e o dinheiro. 

Nossa situação, hoje, está permeada por essa mesma condição filosófica, onde os homens perderam a razão de si, de ser “ser humano”, não sabem o que é saber, pensar, admirar e amar. Não se lê obras de conteúdo, que trazem em si a grande história da humanidade, não se lê Shakespeare pra entender o drama humano, hoje se optam por leituras vazias, que em nada acrescentam. Vivemos um vazio, a perda de referência, a solidão total, a angústia. Talvez isso explique o grande consumo de drogas no ocidente, sexo enlouquecido, matrimônios que duram cinco minutos, uma televisão que emburrece e aturde constantemente. Uma política que nunca ninguém tem tempo, nunca para pra se refletir, não se pensa, apenas se age por impulso, pois nunca há tempo. Isso é manipulação pura! Ou desespero em ultima instância... 

Todo esforço intelectual é voltado para o crescimento econômico, para subir na vida, para possuir coisas, para comprar, para ter, isso é ser melhor que o outro, é preciso competir! A lógica econômica nos possuiu de tal forma, que hoje vemos nossas escolas mudando seu papel, passando da educação para a capacitação técnica. Ao invés de formarmos mentes pensantes, fabricaremos mais mão-de-obra especializada, mais massa para construção de uma sociedade que não conhece a si mesma, que faz sem se perguntar o porquê, que age por impulso, e a cada novo passo, se aproxima do mundo material, e se afasta do mundo da família, dos amigos, dos sentimentos duradouros, talvez nesse mundo que foi enterrado no deserto de coisas, desejos, status, grifes... talvez embaixo de tudo isso, esteja nossa alma, perdida, esquecida, esperando para nos dizer quem nós realmente somos.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Nascer, morrer, essas coisas...

(Davi, olha o que te espera filhão)

Nascer é, sem dúvida, a segunda maior roubada que um ser humano tem que encarar na vida. Olha só: você ta lá no quentinho, boiando, o maior sossego. Não faz absolutamente nada – e, como nem sabe que existem coisas a serem feitas, não sente nenhuma culpa. Tem uma mangueira ligada na barriga, tipo, uma bomba de gasolina, que leva sangue de sua mãe com oxigênio, vitaminas e nutrientes direto pro seu corpo. Você não tem nem que respirar! É o cúmulo da folga.

Nos últimos meses da gestação você ouve. Se a sua mãe escuta música, é o paraíso: piscina aquecida, comida de graça e som ambiente. Huuum, interessante. O coração da mãe faz um barulho ininterrupto, tum, tum, tum, tum. Monótono, mas reconfortante. Você dorme, acorda, percebe que o tamborzinho tá lá, no mesmo ritmo e vai dormir de novo, tranqüilo, sabendo que tudo continua como antes.

Mas eis que de repente, não mais que de repente, epa!, tem algo estranho acontecendo. Destamparam o ralo da piscina? A bolha furou? As paredes vão se fechando, algo o empurra. Você não tem a menor ideia do que seja, mas boa coisa não parece.

Dito e feito: a passagem é estreita, quase o sufoco. Você sai vivo do outro lado (existe um outro lado!), aí bate uma baita luz na tua cara, um frio do diabo e pronto, quando você vai ver – e ver dói, arde o olho – tá ali, todo melecado e pelado no meio de desconhecidos. A cultura ainda não lhe deu as ferramentas para entender lhufas, mas a natureza já o brindou com os instintos e a primeira sensação da vida deve ser um medo profundo. Que roubada você pensa. Ou melhor, sente.

Programão, hein? Mas quando tudo parece perdido e você começa a sentir um negócio que, mais para a frente, seria formulado como “onde é que eu fui amarrar o meu burro?!”, algo de bom finalmente acontece: botam você num colo. Colo é uma coisa quentinha, cheirosa, um lugar realmente bom de estar. (Deus deve ter ganho algum prêmio de design pela criação do colo.) você vai se acalmando e quando já está pensando “bem, não posso reclamar”, acontece outra coisa maravilhosa: você se vê diante de um peito. (Se Deus não ganhou um prêmio de design com o colo, ganhou com o peito: melhor conceito, melhor embalagem de alimentos e melhor projeto, em todas as categorias.) e colocam o peito na sua boca. E você chupa, e vem leite, doce, quente. Ah, mangueira na barriga o escambau! Comer pela boca é muito melhor. Você dá um arroto, se ajeita ali no colo e dali em diante, começa a encarar essa coisa chamada vida, com ursinhos de pelúcia, bicicletas, vestibulares, amor, tédio e outros ingredientes mais ou menos importantes.

Pelo menos até o dia, ninguém sabe quando, em que se deparar com a primeira maior roubada da vida de um ser humano. Só espero que, nessa gora, também exista um lado de lá, com colos, peitos, essas coisas.

Texto de Antônio Prata

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Cipó Jagube (Banisteriopsis caapi) + arbusto Rainha (Psychotria viridis) = Ayahuasca (Santo Daime)

Juramidam é um conceito que, dentro da religião, representa tanto o grau espiritual alcançado pelo Mestre Irineu (Raimundo Irineu Serra, considerado fundador do Santo Daime), como também fala do significado daquilo que seria a segunda vinda do Cristo para os daimistas. Na palavra Juramidam, o radical Jura se refere ao Pai, a Deus, e Midam, a cada um de seus filhos. Também pode se referir a um império, o "Império Juramidam". Abaixo alguns hinos entoados durante as celebrações.


“Estou aqui porque meu Pai me mandou
Estou aqui porque sou o Salvador
Engarrafei, sempre vivo engarrafado
E o povo muito animado
Procurando seu valor (...)”
(hino 24, “Estou Aqui” do hinário “O Justiceiro”)

“Jesus Cristo me mandou
Para sempre amém Jesus
Não temer esse caminho
Deus foi quem deu desta luz”
(hino 20, "Sempre Assim")

“Jesus Cristo me mandou
Para mim viver aqui
Sou eu, sou eu, sou eu
Sou eu, sou bem feliz”
(hino 28, "Cantar Ir")

quarta-feira, 30 de junho de 2010

C E N S U R A D O

Earth Song ou Som da Terra - Michael Jackson


O vídeo é do single de maior sucesso de Michael Jackson no Reino Unido, que não foi nem "Billie Jean", nem "Beat it", e sim a ecológica "Earth Song", de 1996. A letra fala de desmatamento, sobrepesca e poluição, e, por um pequeno detalhe, talvez você nunca terá a oportunidade de assistir na televisão. O Detalhe: "Earth Song" nunca foi lançada como single nos Estados Unidos, historicamente o maior poluidor do planeta. Por isso a maioria de nós nunca teve acesso ao clipe. Vejam, então, o que os americanos nunca mostraram de Michael Jackson.
Filmado em África, Amazônia, Croácia e Nova Iorque.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Deus capacita os escolhidos (?)



Penso que Deus capacita à todos.

Todos temos capacidades. Todos somos escolhidos para alguma(s) função(ões). Se digo que Deus capacita os escolhidos devo pensar: escolhido para quê?
Se respondo essa pergunta, saberei qual o sentido de estar aqui, saberei quais são as minhas capacidades. Todos somos escolhidos, todos temos capacidades.
Cada capacidade voltada para um objetivo específico. Se não descobrir qual é(são) o(s) meu(s) objetivo(s), nunca usarei a minha capacidade. Deus é bom... ele não dá. Ele já deu. Nós agora precisamos aprender/descobrir a como aplicar. "Conhece-te a ti mesmo", se não der... pelo menos tente.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Democracia ou Plutocracia?

Afirmam que vivemos em um país democrático. Demo (povo), Cracia (poder), nesse sentido o poder está na mão do povo. Será?
A plutocracia (do grego ploutos: riqueza; kratos: poder) é um sistema político no qual o poder é exercido pelo grupo mais rico. Do ponto de vista social, esta concentração de poder nas mãos de uma classe é acompanhada de uma grande desigualdade e de uma pequena mobilidade. E então, o que define melhor o Brasil?
Até onde sei, somos governados por um bando de "filhos da ploutos"!

terça-feira, 13 de abril de 2010


“Tentei encontrá-Lo na cruz de Cristo, porém ali Ele não estava.

Fui ao templo dos hindus e até aos velhos pagodes chineses, mas

Dele não pude encontrar o menor vestígio.

Procurei nas montanhas e nos vales, porém nem nas alturas nem nas profundezas consegui encontrá-Lo.

Também não estava na Caaba, na cidade de Meca.

Questionei sábios e filósofos, mas Ele estava acima de sua compreensão.

Então, olhei para dentro do meu coração, e foi ali, onde Ele mora, que O encontrei.

Ele não pode ser encontrado em nenhum outro lugar!”

(Jalal-ud-din Rumi, poeta e místico persa do séc. XIII)

Civilização?


Quando nós, os Índios, caçamos o animal, comemos a carne toda. Quando procuramos as raízes, fazemos buraquinhos. Quando construímos nossas casas, fazemos pequenos buracos.

Quando queimamos a erva por causa dos gafanhotos, não arruinamos tudo. Sacudindo as glandes e as pinhas das árvores. Utilizamos apenas a madeira morta. O homem branco revolve o solo, derruba as árvores, destrói tudo. A árvore diz:
- Pare, estou ferida, não me faça mal.
Mas ele a abate e a corta.
O espírito da terra o odeia.
Ele arranca as árvores e enfraquece até suas raízes. Serra as árvores. Isto faz mal a elas. Os índios jamais fazem o mal, enquanto que o homem branco demole tudo. Explode as rochas e as deixa espalhadas pelo solo. A rocha diz:
- Pare, você me faz mal.
Mas o homem branco não dá a mínima.
Quando os índios utilizam as pedras, eles pegam as pequenas e redondas para fazer o seu fogo...
como o espírito da terra poderia amar o homem branco se em toda parte por onde ele passa deixa uma ferida?

(MCLUHAN T.C., Pieds nus sur la terre sacrée, p.21, Donoël, 1974)

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Amor verdadeiro!


"Não me engano no amar. Ainda que aquilo que amo fosse falso, seria verdadeiro que eu amo as coisas falsas, mas não seria falso que eu amo". (Santo Agostinho)