terça-feira, 14 de setembro de 2010

Onde está a alma?

Clássica a passagem em que o cientista abre um corpo e pergunta, cadê a alma? Ora, pois, a alma não está ali. Onde está a alma? É mera criação humana, conceito, abstração. 

A alma, para dar uma definição, é a sede espiritual do homem, não é algo físico. As ciências naturais assumiram como dogma, critério, pressuposto o materialismo, é nesse pilar filosófico que a ciência se assenta hoje. A realidade se explica por aquilo que é sensível, concreto, a ciência se faz pela observação do mundo material. A matéria e a realidade se identificam. E não há nada além disso. As paixões, os sentimentos, as crenças se explicam, nesse viés, por forças do inconsciente, por causas sociais, lutas de classe, por interesses sociais, econômicos e políticos. Não há moralidade; apenas leis e interesses, não há Deus; apenas a ciência e o dinheiro. 

Nossa situação, hoje, está permeada por essa mesma condição filosófica, onde os homens perderam a razão de si, de ser “ser humano”, não sabem o que é saber, pensar, admirar e amar. Não se lê obras de conteúdo, que trazem em si a grande história da humanidade, não se lê Shakespeare pra entender o drama humano, hoje se optam por leituras vazias, que em nada acrescentam. Vivemos um vazio, a perda de referência, a solidão total, a angústia. Talvez isso explique o grande consumo de drogas no ocidente, sexo enlouquecido, matrimônios que duram cinco minutos, uma televisão que emburrece e aturde constantemente. Uma política que nunca ninguém tem tempo, nunca para pra se refletir, não se pensa, apenas se age por impulso, pois nunca há tempo. Isso é manipulação pura! Ou desespero em ultima instância... 

Todo esforço intelectual é voltado para o crescimento econômico, para subir na vida, para possuir coisas, para comprar, para ter, isso é ser melhor que o outro, é preciso competir! A lógica econômica nos possuiu de tal forma, que hoje vemos nossas escolas mudando seu papel, passando da educação para a capacitação técnica. Ao invés de formarmos mentes pensantes, fabricaremos mais mão-de-obra especializada, mais massa para construção de uma sociedade que não conhece a si mesma, que faz sem se perguntar o porquê, que age por impulso, e a cada novo passo, se aproxima do mundo material, e se afasta do mundo da família, dos amigos, dos sentimentos duradouros, talvez nesse mundo que foi enterrado no deserto de coisas, desejos, status, grifes... talvez embaixo de tudo isso, esteja nossa alma, perdida, esquecida, esperando para nos dizer quem nós realmente somos.

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